domingo, 18 de maio de 2014

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Introdução: O Mistério de Roseto

Em Outliers, eu quero fazer pelo entendimento do sucesso o que Stewart Wolf fez pelo nosso entendimento sobre saúde 

Em sua introdução, Gladwell nos apresenta sua intenção com o livro e faz a descrição de uma cidade na Pensilvânia que nasceu no começo do século XX.
Composta inteiramente por imigrantes de Roseto Valfortore próxima da província italiana de Foggia, a comunidade de Roseto na Pensilvânia tinha seu próprio “pequeno e autossuficiente mundo”. Aquele pequeno grupo de imigrantes que criou o paraíso para eles mesmos nos Estados Unidos não era particularmente diferentes dos outros. O que era interessante nessa comunidade, descoberta pelo médico Stewart Wolf nos anos 50, era a incrível taxa baixa de problemas cardíacos comparados com o resto do país.
Wolf se juntou com o sociólogo John Bruhn para investigar a causa dessa anormal taxa de doenças cardíacas e ficou impressionado em descobrir que não era por causa da dieta ou exercícios ou genes ou pela localização que eles eram assim, mas por causa da própria Roseto. Wolf chegou à conclusão de que os moradores do Roseto nos anos 1950 eram particularmente saudáveis por causa do espírito igualitário da comunidade que havia sido trazido da Roseto da Itália.
Gladwell escreve que os pesquisadores tiveram que convencer a área médica a pensar sobre saúde e infartos de uma forma completamente diferente. Eles deveriam entender a cultura em que a pessoa estava inserida e compreender a ideia de que os valores do mundo em que vivemos e as pessoas que estão ao nosso redor têm um efeito profundo sobre quem somos.
Após apresentar essa história, Gladwell diz que gostaria de fazer o mesmo sobre o entendimento que possuímos sobre o sucesso.


Parte Um: Oportunidade

Capítulo 1: O Efeito Matthew

Qual é a pergunta que sempre fazemos aos bem sucedidos? Nós queremos saber como eles são – que tipo de personalidade eles possuem, ou quão inteligente eles são, ou qual o estilo de vida deles, ou com qual talento especial eles nasceram. 

Como em vários outros capítulos, na parte um de Outliers, Gladwell começa com uma descrição. No caso, uma descrição de como nós enxergamos o sucesso dentro de um determinado contexto.
O primeiro assunto que ele analisa são os jogadores profissionais de hóquei do Canadá que, desde o primário, passam por uma série de complexas avaliações e classificações feitas para diferenciar os melhores dos demais.
O entendimento por todo o Canadá, e presumivelmente entre os fãs em hóquei em qualquer lugar, é de que os melhores são os melhores porque nasceram com uma habilidade atlética inata e trabalharam duro para aprimorar essa habilidade desde cedo.
Mas Gladwell tem uma explicação muito mais simples: Os melhores são os melhores por causa do mês em que elas nasceram.
Sua explicação se baseia no fato de que no Canadá a data de corte para as equipes de Hóquei se dá no dia 1º de janeiro. Portanto, um garoto que tenha nascido nos primeiros meses do ano pode, potencialmente, estar jogando contra outros garotos até 364 dias mais novos do que ele, o que cria uma grande vantagem em seu desenvolvimento físico. O mesmo ocorre com jogadores de futebol na Europa.
Para provar isso, Gladwell nos apresenta a listagem de 2007 do time nacional júnior de futebol da República Tcheca, que chegou às finais do Junior World Cup naquele ano. Dos 21 nomes na lista, 6 tinha nascido em janeiro, 6 em fevereiro, 3 em março, 1 em abril, 1 em maio, 2 em junho, 1 em agosto e 1 em setembro.
Ele fundamenta sua teoria citando uma pesquisa do psicólogo canadense Roger Barnsley, o primeiro a notar a influência da idade nos jogadores de hóquei canadenses e argumentar que separar os talentosos em uma idade tão baixa e dando a este grupo um treinamento superior é um sistema que beneficia os meninos nascidos perto da data de corte.
O mesmo efeito é sentido quando as crianças são agrupadas por habilidades matemáticas. As pesquisadoras Kelly Bedard e Elizabeth Dhuey descobriram que os que nasceram mais próximos da data de corte estão mais propensos a ir para uma faculdade.
Gladwell conclui que as datas de corte são importantes, e para retirar a maior quantidade de sucesso de uma sociedade, não deveríamos abandonar nossa noção de mérito individual e deveríamos subdividir times de hóquei e classes de matemática em grupos baseados em seus meses de nascimento.


Capítulo 2: A Regra das 10.000 horas

Treinamento não o que você faz quando você é bom. É o que te torna bom.

Se o sucesso de jogadores hóquei não é resultado de uma habilidade individual inata, então em que ele é baseado?
Para responder a essa questão, Gladwell discute um estudo realizado nos anos 1990 por K. Anders Ericsson. No estudo, Ericsson e seu colegas examinaram os hábitos de treinamento em um longo prazo de músicos de uma academia musical de elite em Berlin. Embora a maioria dos músicos tenha iniciado a tocar por volta dos 5 anos de idade, aqueles que eram categorizados como os melhores músicos da escola possuíam um total de mais de 10 mil horas de prática quando atingiam a idade de 20 anos. Os estudantes categorizados como “bom” tinham 8 mil horas, e aqueles categorizados como “provavelmente nunca vão tocar profissionalmente” tinham somente 4 mil horas de prática.
O psicólogo Michael Howe inclusive aplica a regra para Mozart, considerado pela grande maioria como um prodígio, mas que não compôs uma obra prima até já estar compondo por mais de 10 anos.
Para testar a regra das 10 mil horas, Gladwell nos apresenta 3 estudos de caso de sucessos fenomenais: Bill Joy, os Beatles e Bill Gates.
Bill Joy é provavelmente o menos conhecido dos três. Mas não significa que o co-fundador da Sun Microsystems, que programou o UNIX e o Java, não possa ser considerado uma estrela entre os membros da comunidade High Tech.
Gladwell está interessado em contar a história de Joy em relação às oportunidade únicas que ele teve e que foram necessárias para o seu sucesso: ele frequentou uma das únicas universidades no país que na época possuíam uso compartilhado de computadores; além disso, o sistema possuía um bug que permitia uso ilimitado dos computadores; e ficava aberto 24 horas por dia. Por causa desses fatores, nenhum deles ligados com uma habilidade inata de Joy, ele foi capaz de se preparar para o revolução dos computadores antes dela chegar.
Em uma entrevista com Gladwell, Joy espontaneamente calculou a quantidade de tempo que ele passou programando antes de escrever os influentes programas de computador que usamos até hoje. Reveladoramente, ele chega às 10 mil horas.
Gladwell coloca a biografia dos Beatles sob a mesma análise e aponta para um período em Hamburgo, Alemanha, durante os anos 60. Enquanto ainda eram uma banda de adolescentes, eles foram presenteados com um oportunidade única de tocar em strip clubs em Hamburgo. Como essas casas ficam abertas 24 horas, eles tocavam 8 horas por dia, sete dias na semana. Entre 1960 e 19602, os Beatles se apresentaram aproximadamente 1.200 vezes. O biógrafo dos Beatles Philip Norman credita aos dias em Hamburgo a verdadeira criação da banda.
Gladwell aplica o mesmo para Bill Gates e novamente encontra várias felizes coincidências que deram a Gates uma oportunidade única de treinar programação. Isso inclui o fato de que ele frequentou uma das únicas escolas privadas no país que possuía acesso a um terminal de computador compartilhado; que o pai de uma amigo trabalhada em uma companhia de computação; e que Gates morava a uma curta distância da Universidade de Washington, que possuía computadores para usar de graça, e por aí vai.
Em uma entrevista com Gladwell, Gates diz que teve uma maior exposição a desenvolvimento de software que qualquer outra pessoa naquele período de tempo, e por causa de uma inacreditável série de eventos favoráveis.
Baseado na premissa de que houve um período ideal para nascer e aproveitar as vantagens da revolução da computação, Gladwell calcula que as melhores datas seriam 1954 e 1955. E ela apresenta uma lista de nomes com a respectiva data de nascimento de vários titãs da tecnologia.
·         Bill Gates (outubro 28, 1955)
·         Paul Allen (Janeiro 21, 1953)
·         Steve Ballmer (Março 24, 1956)
·         Steve Jobs (Fevereiro 24, 1955)
·         Eric Schmidt (Abril 27, 1955)
·         Bill Joy (Novembro 8, 1954)
·         Scott McNealy (Novembro 13, 1954)
·         Vinod Khosla (Janeiro 28, 1955)
·         Andy Bechtolsheim (Setembro 30, 1955)

Capítulo 3: O Problema com os Gênios. Parte 1

Um jogador de basquete somente precisa ser alto o bastante – e o mesmo é verdade para inteligência. Inteligência possui um limiar.

No capítulo 3, nós conhecemos Christopher Langan. Ele é um gênio em quase todas as formas que a sociedade define um gênio. Sua pontuação no teste de QI ficou acima do máximo e 30% mais alta do que a de Einstein. Ele aprendeu sozinho a ler quando tinha 3 anos e conseguia tirar nota máxima em testes da escola de língua estrangeira sem nunca ter estudado. Ele é exatamente o tipo de “fora de série” que nós pensamos quando imaginamos pessoas destinadas a realizar grandes coisas.
Mas Gladwell somente conta o restante da história de Langan no capítulo 4. Antes ele trata de alguns pontos.
O primeiro está relacionado à pontuação no teste de QI e como isso se traduz no mundo real.
Mais especificamente, Gladwell apresenta que pesquisas têm mostrado que o QI está diretamente ligado com o nível educacional, renda e expectativa de vida. Significa que com um QI mais alto, é mais provável que você tenha uma educação mais avançada, ganhará mais dinheiro e viverá mais.
Mas mais interessante é que isso somente é verdade até certo ponto. Quando a pessoa atinge um QI ao redor de 120, ter pontos adicionais no QI não significa que você terá vantagens aparentes no mundo real. Galdwell traça uma comparação: da mesma forma que para ser um jogador de basquete você somente precisa ser alto o suficiente, você somente precisa ser inteligente o suficiente para atingir o sucesso no mundo real.
Como evidência ele examina uma lista de universidades frequentada pelos 25 últimos Nobel em Medicinal, bem como os últimos 25 ganhadores em Química. Ele conclui que para ser um ganhador do Nobel, aparentemente, você tem que ser inteligente o suficiente para entrar em uma universidade tão boa quanto Notre Dame ou a Universidade de Illinois. É tudo.
Gladwell nos dá outro exemplo do “efeito limiar” revendo um estudo feito pela universidade de Michigan, em que foram implementadas ações afirmativas em sua faculdade de Direito em que 10% dos alunos seriam advindos de minorias raciais a cada ano. Embora os estudantes da minoria tivessem qualificação menor do que os outros estudantes, no mundo real eles eram tão bem sucedidos quanto os outros estudantes.
Gladwell fundamenta o efeito limiar discutindo o papel da criatividade. Ele apresenta ao leitores a seguinte questão, um exemplo de um teste diferente:
Escreve o máximo de diferentes usos que você consegue pensar para os seguintes objetos: 1. Um tijolo. 2. Um cobertor.
He então compara as respostas do prodígio: “(tijolo) construir coisas; arremessar”. Enquanto um estudante com QI mais baixo: “Quebrar uma vitrine e roubar uma loja. Ajudar a sustentar a casa. Usar em um jogo de roleta russa se você quiser ficar em forma ao mesmo tempo. Para prender um edredom na cama, colocando um tijolo em cada canto. Para quebrar garrafas de Coca-Cola vazias.” E ele sugere que, após certo ponto no QI, o segundo estudante pode ter o tipo de mente imaginativa mais adequado para ganhar um prêmio Nobel.

Para sustentar ainda mais a teoria de que genialidade não está necessariamente ligada com o sucesso, Gladwell conclui o capítulo discutindo a pesquisa de Lewis Terman, famoso por criar o Teste de QI Stanford-Binet e que conduziu um longo estudo durante com crianças com um QI excepcional até a vida adulta. Embora Terman esperasse que essas crianças se tornariam os líderes do futuro, ele concluiu, no fim, que intelecto e sucesso são duas coisas bastante distintas.

Um crítico ao seu trabalho inclusive mostrou que se Terman tivesse criado um outro grupo com as mesmas bases familiares que as dos meninos gênios, ele chegariam a um grupo de adultos com o mesmo nível de sucesso.

Capítulo 4: O problemas dos Gênios. Parte 2

Se Christopher tivesse nascido em uma família rica, se ele fosse filho de um doutor que fosse tivesse contatos em algum mercado relevante, eu te garanto que ele seria um daqueles caras que você lê que conseguem um PhD com 17 anos.


No capítulo 4 nós conhecemos mais sobre o gênio Christopher Langan, o cara com um QI 30% mais alto do que Einstein. Sua mãe era distante de sua família. Seu pai era abusivo. Ele conseguiu e depois perdeu uma bolsa de estudos na Universidade Reed quando sua mãe deixou de preencher a papelada. Ele foi transferido para Universidade Montana State até sair de lá quando um professor não demonstrou nenhum interesse em ajudá-lo. E terminou a vida trabalhando em trabalhos medíocres em fábricas e bares.

Gladwell compara a história dele com a de Robert Oppenheimer, o famoso físico americano durante a Segunda Guerra Mundial que tinha uma mente similar a de Langan e que, ao longo de sua carreira, foi capaz de usar seu charme para se sair bem em várias situações, incluindo processo por tentar envenenar seu tutor na universidade e assumir a liderança de um prestigioso projeto científico.
Gladwell sugere que a diferença na “inteligência prática” foram determinantes nos diferentes níveis de sucesso dos dois.

Para explicar de onde vem a inteligência prática, Gladwell apresenta um estudo sobre estilos de criação dos filhos pela socióloga Annette Lareau. O que ela descobriu foi que os pais de famílias mais ricas possuíam um estilo mais envolvido com as atividades dos filhos e tentavam incentivá-los em seus talentos, opiniões e habilidades de forma ativa. Pais de famílias mais pobres, em contraste, tinham um estilo mais distante.

Mais importante, ela descobriu que aquelas crianças que eram objeto de uma criação mais ativa eram mais capazes de manipular seu ambiente, se comunicar com mais autoridade e conseguir o que queriam das outras pessoas, enquanto as crianças de famílias mais humildes se retraiam nas mesmas situações.

Gladwell aplica a pesquisa no estudo de caso de Langan e Oppenheimer e a teoria parece se aplicar. Oppenheimer era filho de um homem bem sucedido, cresceu em meio a uma rica vizinhança e frequentou as melhores escolas quando criança. A despeito de sua inteligência extraordinária, Langan não conseguia se comportar como as pessoas como Oppenheimer por causa de fatores que estavam fora do seu controle.

Os garotos objeto do estudo de Terman também tiveram o mesmo destino. Quando as crianças chegaram a fase adulta, Terman descobriu que quase nenhuma dos gênios das classes mais baixa se tornaram alguém importante.



Capítulo 5: As Três Lições de Joe Flom


Pessoas não chegam ao sucesso sozinhas. De onde elas vêm importa. Elas são produto de lugares e ambientes particulares.


Conheça Joe Flom, um sócio do escritório de advocacia Skadden, Arps, Slare, Meagher e Flom em Manhattam. Filho de imigrantes judeus da Europa Oriental, seu escritório se tornaria uma dos maiores e mais poderosos do mundo, com faturamento superior a 1 bilhão de dólares.

Neste ponto do livro, Gladwell demonstra ser um pouco cético em relação às histórias das pessoas que se tornaram ricas do nada e aborda o tema por uma perspectiva diferente. Ele procura dar uma fórmula para entender o berço dos mais poderosos advogados em nova York contando a história de outros imigrantes da cidade.

Lição Número 1: A Importância de Ser Judeu


A primeira história que ele conta é a de uma colega de classe de Flom em Harvard, Alexander Bickel. Depois da graduação, Bikel tentou conseguir um trabalho em um escritório chamado Mudge Rose, mas enfrentou o antissemitismo de um dos sócios do escritório e foi recusado.

Bickel diz que um dos sócios disse a ele que com seus antecedentes ele havia chegado longe, mas que deveria entender a limitação de um escritório como aquele de contratar com advogado com aqueles antecedentes.

Então, Bickel e Flom, além de outros como eles, em vez disso, encontraram empregos em escritórios menores, fazendo trabalhos considerados menores e que ninguém queria como manobras legais em aquisições hostis de empresas.

Mas em pouco tempo esse trabalho que ninguém queria se tornou uma grande oportunidade quando, nos anos 70, houve um boom de aquisições e fusões de empresariais cresceram 2000 por cento ao ano. De repente, o que os escritórios renomados não queriam  fazer, se tornou o que todas os escritórios desejavam fazer. E por causa do antissemitismo que sofreram, Flom e seu colegas estavam perfeitamente preparados para essa área altamente demandada.

Lição Número 2: Sorte Demográfica


Gladwell conta a história de Maurice Jaklow, que frequentou a Brookun Law School em 1919 e seu filho Mort Janklow. Maurece se tornou advogado, se casou e adquiriu uma empresa de papel de carta que aparentemente renderia uma fortuna. Mas os negócios nunca foram bem e ele lutou para sobreviver o resto da vida.
Seu filho Mort, no entanto, se tornaria um bem sucedido advogado e venderia uma franquia de tv a cabo por uma fortuna. Hoje ele é dono de uma mais prestigiadas agências literárias do mundo.
Gladwell sugere que a diferença entre as histórias de pai e filho tem a ver com o tempo em que nasceram mais do que qualquer outra coisa. Quando Maurice adquiriu sua empresa, os Estados Unidos estavam à beira da Depressão.
O período em que Mort nasceu, porém, era perfeito para se ter sucesso em Manhattan. Entre 1930 e 1940, a taxa de natalidade nos Estados Unidos caiu drasticamente. Na cidade de Nova York, o tamanho das classes nas escolas caíram pela metade e eram consideradas uma das melhores do país. Mais tarde, por causa da sua educação e pela falta de competição, ele iria para Universidade de Direito de Columbia.

Para um jovem querendo ser advogado, ter nascido no começo dos anos 30 era um momento mágico, assim como ter nascido em 1955 para um programador de software, ou em 1835 para um empreendedor.

Lição Número 3: A Indústria de Confecções e Um Trabalho Significativo


A terceira história é de Louis e Regina Borgenicht, imigrantes da Polônia e Hungria, respectivamente. Depois de algumas semanas em Nova York, Louis notou que a cidade tinha demanda por roupas. Ele começou a fazer aventais em casa com sua mulher e os vendia na rua.

Gladwell, antes de continuar a história, aponta que os judeus na virada do século não eram como os outros imigrantes, uma vez que eram banidos de ser proprietários de terra na Europa, eles eram moradores habituais de cidades e com experiência em comércio, incluindo roupas. Na Polônia, ele trabalhava com peças de roupas. Na Hungria, sua esposa era costureira de roupas.

O momento em que eles chegaram em Nova York e as habilidades que possuíam não poderiam ser melhores. Na virada do século, a indústria de roupas estava em expansão. Além disso, como aponta Gladwell, ser um empreendedor na indústria de roupas era um trabalho significativo porque se caracterizava pela autonomia, complexidade e pela conexão de esforço e recompensa.

Gladwell ilustra as árvores familiares de dois imigrantes judeus que chegaram na mesma época. Nas duas árvores, a tendências é uniforme. As crianças do imigrante original iniciam negócios na área de roupas e fábrica de bolsas. Os filhos desta geração se tornaram profissionais educados, advogados e médicos.

Dessas três histórias e com a premissa de que os imigrantes judeus enfrentaram desvantagens que no final se mostraram ser vantagens, Gladwell aponta que há uma data ideal para que os maiores advogados judeus terem nascido.

Se você quer ser uma grande advogado em Nova York, é uma vantagem ser de fora, é uma vantagem ter pais que tiveram um trabalho significativo e, mais ainda, é uma vantagem ter nascido no começo dos anos 1930. Mas se você tiver as três vantagens, além de uma dose de engenhosidade e ímpeto, você está diante de uma combinação inacreditável.

Revelando as datas de nascimento os sócios do escritório Black Rock, maiores concorrentes de Flom, vemos as datas 1931 e 1930.




PARTE 2: Legado Capítulo 6: Harlan, Kentucky


Legados culturais são forças potentes. Eles têm raízes profundas e vida longa. Eles persistem, geração após geração, virtualmente intactas, até mesmo as condições econômicas, sociais, e demográficas que os criaram já desapareceram, mas eles continuam a direcionar as atitudes e comportamento que nosso mundo não possui sentido sem eles.
 

Gladwell nos apresenta com esta misteriosa série de eventos e aparentemente inexplicável que ocorreu em Harlan, Kentucky, no século 19 para introduzir o enorme efeito dos legados culturais.

Localizado em Cumberland Plateau, Harlan County foi fundado por oito famílias da região norte das Ilhas Britânicas. Logo depois, duas das famílias iniciaram um briga que começou em um jogo de poker e se tornou tão violenta que dúzias de pessoas foram mortas em uma séries de ataques.

Incrivelmente, essa era somente uma dos vários conflitos ocorrendo ao mesmo tempo em outras cidades pelo Kentucky.

Para explicar o fenômeno, sociólogos apontaram a “cultura do terror” que os habitantes originais trouxeram do Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte. O cultura do terror veio de regiões em que pastores tinham que provar que eles não eram fracos ou vulneráveis e estava impregnada em locais em que imigrantes escoceses e irlandeses se assentaram (incluindo Kentucky e região). É um mundo em que a reputação de um homem é o centro de seu sustento e autoestima, com o explica Gladwell.
Para ilustrar o duradouro poder dos legados culturais, Gladwell discute um estudo da Universidade de Michigan feito por Doy Cohen e Richard Nisbett. No estudo, meninos de 18 a 20 anos foram insultados em um corredor sendo chamados de “cuzão” antes que retornasse para uma sala de aula para um exercício qualquer. As reações dos estudantes foram medidas olhando para as expressões faciais, apertos de mão, níveis de hormônio na saliva e nas conclusões que deram a uma situação hipotética.

Os resultados mostraram uma clara diferença em como eles reagiram ao insulto, baseados em de onde eles eram. Os estudantes dos estados do sul ficaram irados, algo que os pesquisadores atribuíram ao legado cultural e à cultura do terror.

Capítulo 7: A Teoria Étnica dos Acidentes de Avião

Diga a eles que estamos em uma emergência!


No capítulo 7 Gladwell ilustra como o conceito de legado cultural pode afetar algo tão dramático e tráfico como uma série de acidentes de avião que ocorreu entre 1988 e 1998 em voos operados pela Korean Air. Naquela época, Korean Air sofria um acidente aéreo aproximadamente 4,79 vezes a cada um milhão de decolagens, uma taxa 17 vezes maior do que a United Airlines.

A taxa era tão alarmante que a Delta e a Air France suspenderam a parceria com a companhia, o pessoal da US Army foi proibido de voar com ela e o Canadá baniu a companhia de voar sobre seu espaço aéreo.

Um investigação sobre as causas dos acidentes com a Korea Air começou com um relatório do acidente 1190 do voo Avianca 052.

Uma acidente de avião geralmente acontece por causa de uma série de sete erros humanos consecutivos. Os erros raramente possuem ligação com habilidade técnica de pilotagem e são, invariavelmente, erros de equipe e comunicação. A probabilidade desses erros são influenciados por outros fatores: 52% do acidentes envolvem um piloto cansado; 44% envolvem pilotos que nunca voaram juntos; em vários casos o piloto está estressado por causa de atrasos, etc.

O caso Avianca voo 052 é um clássico estudado em escolas de aviação. Capitão Laureano Caviedes e o primeiro oficial Maricio Klotz estavam voando de Medelín, Colômbia, para o JFK, em Nova York. Os tempo estava ruim, o capitão cansado, e o voo estava atrasado pelo controle de tráfego aéreo em 77 minutos.

Quando o avião finalmente estava pronto para aterrissar, os pilotos entraram em uma região de vento contrário e tiveram que aumentar a força do motor. Antes da aterrisagem, o vetou caiu abruptamente, e o avião estava passando do limite da pista de aterrisagem. O piloto automático não estava funcionando no dia, então o piloto levantou o voo com a intenção de retornar e pousar novamente. No retorno para a aterrisagem, os motores morreram e o avião caiu, matando 158 pessoas. Havia acabado o combustível.

Com um avião foi capaz de cair por falta de combustível com os dois pilotos, ambos vendo a gasolina acabar como constatado durante a investigação com a caixa preta.

A transcrição da conversa durante a aterrisagem inicial, em densa neblina, foi a seguinte:

Caviedes: Onde está a pista de aterrissagem? Não consigo ver. Não consigo ver.
Caviedes [aparentemente para si mesmo]: Não temos combustível...
Caviedes: Não sei o que aconteceu com a pista. Não a vi.
Klotz: Não a vi.
Caviedes: Diga a eles que estamos numa emergência.
Klotz [para o CTA]: Isto é direto para um-oito-zero no aproamento. E, ah! Vamos tentar de novo. Estamos ficando sem combustível.

Os leitores podem ver pela transcrição que o avião caiu por causa da falta de combustível, mas também porque o copiloto não foi capaz de comunicar o perigoso estado do avião à torre de comando.

Klotz, que tinha a função de se comunicar com a torre estava utilizando um “discurso mitigado”, termo que linguistas usam para descrever qualquer tentativa de suavizar o significado do que se está falando.

Os linguistas Ete Fischer e Judith Orasanu estudaram o discurso mitigado em pilotos e descobriram que os pilotos não possuíam qualquer problema em dar comandos diretos para evitar perigos, seus subordinados, copilotos, na maioria das vezes escolhiam mitigar o comando e falavam não diretamente sobre o perigo iminente.

A mitigação explica uma das grandes anormalidades dos acidentes de voo. Em empresa aéreas comerciais, capitão e copiloto dividem funções igualmente. Mas historicamente acidentes são muito mais prováveis de acontecer quando o capitão está no “comando”.

Baseado no fato de que os controladores de tráfego no JFK são particularmente grosseiros, agressivos e maldosos, a teoria diz que Klotz, que vinha de um país com um legado cultural diferente, passou a utilizar um discurso reverente e mitigado, e, por isso, não foi capaz de efetivamente comunicar a terrível situação em se encontravam.

Para explorar ainda mais esse ponto, Gladwell descreve uma pesquisa do Geet Horstede, um psicólogo que estudou psicologia na pluralidade cultural e criou a “Dimensão Hostede”, uma das quais foi chamada de “índice de distância do poder(IDP)”. Pessoas de países com baixo IDP, os detentores de poder tentam minimizar sua posição de autoridade, enquanto pessoas de países com alto IDP possuem um respeito mais profundo em relação a autoridade.

O psicologista Robert Helmreich acredita que o alto IDP da Colômbia explica o acidente do Voo 052 e pode explicar as tendências dos acidentes de avião em geral. E voltando à série de acidentes da Korea Air, um fato relevante é que a Coréia possui o segundo mais alto IDP entre pilotos. Em um exame das gravações dos acidentes da Korean Air, incluindo o seu mais famoso – Voo 801 – o mesmo padrão de discurso mitigado e falha de comunicação foram vistos.

Uma vez que esses erros foram identificados, a Korean Air foi capaz de superá-los. David Greenberg da Delta Airlines deu um novo treinamento aos seus pilotos em inglês, a língua da aviação ao redor do mundo e, mais importante, uma linguagem livre dos bem definidos níveis de formalidade da hierarquia coreana.

Hoje, os especialistas acreditam que a Korean Air possui um nível de segurança similar às mais seguras companhias aéreas do mundo.


Capítulo 8: Arrozais e Testes de Matemática

Ninguém que acorda antes do sol nascer trezentos e sessenta dias no ano falha em tornar sua família rica.


Para explica o porquê de os asiáticos parecem superiores em matemática, Gladwell explora o legado cultural da China e outros países asiáticos.

Gladwell apresenta um lista de números: 4, 8, 5, 3, 9, 7, 6. Depois ele desafia o leitor a memorizar a sequência durante 20 segundos antes de dizê-los em voz alta. Aproximadamente 50% dos nativos da língua inglesa vão conseguir memorizar a sequência, enquanto quase todos os chineses vão conseguir. A razão, ele explica, é porque as pessoas conseguem memorizar informação dentro de um intervalo de 2 minutos, e os números na língua chinesa são muito mais curtos.

Além disso, por causa do jeito que os número nas línguas asiáticas são construídos, por exemplo, 15 é dez-cinco e 24 é dois-dez-quatro, as crianças asiáticas conseguem a aprender a contar bem antes das crianças americanas e são capazes de realizar operações básicas de matemática mais facilmente.

Depois, Gladwell passa para uma discussão sobre o efeito do cultivo de arroz no sul da China teve no legado cultural do país.

Em razão de o cultivo de arroz ser uma habilidade aprendida e a safra poder ser melhorada com diligência e trabalho duro, historicamente as pessoas que cultivavam arroz sempre trabalharam muito mais do que qualquer outro tipo de agricultor. Como Gladwell destaca, algumas estimativas dizem que o trabalho anual de um cultivador de arroz é de três mil horas por ano.

Para ilustrar ainda mais esse legado cultural, ele apresenta provérbios russo e chinês. Enquanto um típico provérbio russo diz: “Se Deus não prover, a terra não proverá.” Já o provérbio chinês diz: “No inverno, o homem preguiçoso morre de frio”. ”Se um homem trabalhar duro, a terra não será preguiçosa” e “Ninguém que acorde antes do sol nascer trezentos e sessenta dias no anos falha em tornar sua família rica.”

Ele conclui que é o legado cultural, a crença de que o trabalho duro, planejamento inteligente e autoconfiança ou cooperação de um grupo, trará recompensa, que é também o responsável pela excelência em matemática. Ele sustenta seu argumento através da pesquisa realizada por Erling Boe. Este pesquisador educacional descobriu uma direta correlação entre países em que estudantes estava dispostos a responder questões tediosas e cansativas em testes de matemática usados para comparar o nível educacional de países diversos. Quais foram os países que foram melhor nesses testes? Singapura, Coréia do Sul, China (Taiwan), Hong Kong e Japão.

 Capítulo 9: A barganha de Marita

 Os fora de série são aquele a quem foram dadas oportunidade – e que tiveram a força e presença de espirito para aproveitá-las. 

No capítulo 9, Gladwell usa sua visão do legado cultural para examinar o legado de uma escola pública experimental no Bronx na cidade de Nova York chamada KIPP. KIPP é uma escola pública que leva seus estudantes a um alto nível de conduta e conquistas. Se tornou uma das escolas públicas mais desejadas de Nova York, em muito por causa do continuado sucesso com alunos de baixa renda, que vão para universidade em um enorme número.

Gladwell se volta para a história da educação nos Estados Unidos em que, em grande contraste com a cultura asiática baseada no cultivo do arroz, reformadores educacionais estava preocupados de os estudantes não terem educação suficiente. Aqui vemos a diferença entre as duas culturas. Enquanto o arrozal deve ser plantado inúmeras vezes ao ano, plantações de trigo e milho, predominantes nos Estados Unidos, possuem uma sequência definida de plantação e colheita.

O sociólogo Karl Alexander foi o primeiro a identificar uma tendência interessante entre estudantes em Baltimore. Ele notou que havia uma significativa diferença nos resultados dos alunos em matemática e leitura entre os de famílias mais ricas e mais pobres. Mas o problema se tornava mais interessante foi com os resultados obtidos após as férias de verão. Ele descobriu que os alunos mais ricos melhoravam suas notas em leitura após as férias, enquanto os alunos mais pobres diminuíam.

Gladwell usa essa pesquisa para argumentar que o aumento da quantidade atual de dias na escola (aproximadamente 180 dias) para algo mais próximo da Coréia do Sul (220 dias) ou Japão (243 dias). As escolas KIPP implementaram essa estratégia para seus estudantes. Crianças na KIPP ficavam na escola das 7:25 da manhã até 7 da noite, e aos sábados de 9 a uma hora, além de 8 às duas no verão.

No fim do capítulo, acompanhamos uma aluna KIPP chamada Marita em um dia típico de escola, que, segundo Gladwell, mudou seu legado cultural. Ela fez um acordo com a escola. Ela acordaria todos os dias 5 e 45 da manhã, iria aos sábados, e faria dever de casa até 11 da noite. Em troca, KIPP prometia pegar estudantes presos na pobreza e dar uma chance de saírem de lá. Isso levava 84 por cento dos estudantes a ficar acima do nível da sua série em matemática, mais de 80 por cento dos graduados vão para faculdades, muitas vezes sendo os primeiros em suas famílias a ter esta oportunidade.


Epílogo: Uma História Jamaicana


O fora de série, no fim, não é um fora de série de forma alguma. 

No epílogo, Gladwell conta a história da sua própria família pela mesma análise que fizera com profissionais do hóquei, matemáticos asiáticos e Bill Gates.

Começando com seu tataravó, uma escrava jamaicana levada como concubina por um irlandês chamado Willian Ford, Gladwell traça sua história até sua mãe, Joyce Gladwell, uma bem sucedida escritora no Canadá, apontando que uma série de oportunos eventos que ocorreram e foram necessários para o sucesso da família.

Ele escreve que sua tataravó foi comprada em Alligator Pond, e este ato deu a seu filho, John Ford, o privilégio de uma cor de pele que evitou que ele se tornasse um escravo, além disso, a educação de sua mãe foi produto de protestos em 1937, que deram a ela a oportunidade de estudar, e outros fatores individuais que deram a ela e sua família a oportunidade de alcançarem o sucesso.


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